Como orar?
Não há postura nem fórmulas especiais para a oração, pois
ela é uma ação espiritual.
As preces que os bons espíritos nos ensinam visam a:
orientar aqueles que pensam que não oram por não saberem
coordenar seus
pensamentos e colocá-los em palavras; chamar nossa atenção
para determinados assuntos e verdades espirituais.
Jesus, em várias passagens do Evangelho, ensina como deve
ser nossa atitude espiritual ao orar:
Com humildade
Temos de reconhecer nossa necessidade e estarmos receptivos.
Na parábola do Fariseu e do Publicano (Lc 18:10/14), o
primeiro orava com orgulho, considerando-se muito correto e melhor que os
outros, enquanto que o publicano se reconhecia errado e pedia misericórdia; o
fariseu continuou como estava; o publicano recebeu o amparo pedido.
Sem ressentimentos
Não podemos estar em clima de mágoas ou desejo de vingança,
quer sejam:
a) Nossos para com
outros: "Mas quando estiverdes em pé para orar, perdoai, se tiverdes algum
ressentimento contra alguém, para que também vosso Pai que está nos céus vos
perdoe os vossos pecados". (Mc 11:25).
b) De outros para
conosco: "Se estás, portanto, para fazer a tua oferta diante do altar e te
lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá a tua oferta
diante do altar e vai primeiro
reconciliar-te com teu irmão; só então vem fazer a tua oferta." (Mt 5:
23/24).
Com simplicidade
Não há necessidade de ostentação, exterioridades (gestos,
posições especiais) nem verbosidade excessiva.
"E, quando orardes, não sereis como os hipócritas;
porque gostam de orar em pé nas sinagogas e nos cantos das praças, para serem
vistos dos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam a recompensa.
Tu, porém, quando orardes, entra no teu quarto, e, fechada a
porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai que vê em secreto, te
recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque
presumem que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos
assemelheis, pois a eles; porque Deus, o vosso Pai, sabe o de
que tendes necessidade, antes que lho peçais". (Mt 6:5/8).
O atendimento
Além das condições que vimos, a prece, para ser atendida,
deve: Ser um pedido justo
Jesus afirmou "Por isso vos digo que tudo quanto em oração
pedirdes, crede que recebestes, e será assim convosco". (Mc 11:24).
Naturalmente, Jesus se referia a um pedido justo (possível,
benéfico, oportuno). Em nossa ignorância, fazemos pedidos que nos parecem
justos, mas, espiritualmente, talvez não o sejam. Neste caso, os mentores
espirituais não endossam
nossos pedidos e até fazem pedidos contrários aos nossos. É
como Paulo esclarece: "O Espírito intercede por nós" porque "não
sabemos pedir como convém". (Rm 8:26/27).
Feito com perseverança
Geralmente, variamos muito em nossas orações diárias,
desistindo de um pedido e começando outros. Por isso, a maioria parte dos
nossos incontáveis pedidos "não chega a Deus". Para obter alguma
coisa, é preciso uma certa energia (a fim de vencer a inércia das criaturas e
dos elementos) e uma certa insistência (porque o assunto às vezes requer tempo
para sua solução). Na Parábola do Amigo Importuno (Lc 11:5/13), Jesus aconselha
que insistamos com fervor na oração, quando tivermos alguma verdadeira
necessidade espiritual, até obtermos o atendimento.
Apoiado no merecimento
Existe um outro critério de avaliação espiritual dos nossos
pedidos: o do merecimento. Na Parábola do Juiz Iníquo (Lc 18:1/18), depois de apresentar o caso de um
juiz que não respeitava a Deus nem temia aos homens, mas acabou atendendo ao
pedido de justiça de uma viúva, porque ela insistia sempre, Jesus pergunta:
"E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam dia e
noite, embora pareça demorado em defendê-los?" O pedido justo e reiterado,
formulado por quem tem merecimento, será atendido, pois toda oração assim, de
alguma forma, traz algum benefício para quem ora, mesmo que não seja o que
esperávamos, mesmo que não percebamos que fomos auxiliados.
Conclusões
Quem ainda não exercitou o espírito na ação da prece, pode
descrer da força que ela possui. Quem ainda não recorreu à prece, num momento
de dor e desespero, ignora quanto conforto ela nos pode dar. Quem não usa a
prece diariamente, está perdendo oportunidades valiosas de se ligar aos planos
elevados do espírito, em que a nobreza, a bondade, o perdão, a esperança e a
paz sempre vibram e nos aguardam.
Mas quem está cumprindo seus deveres, está orando. Quem
trabalha alegre e não somente para si mesmo, está orando. Quem estuda,
procurando entender a vida e os seres, para agir com certo, está orando. Quem
se esforça por amar e servir, está orando. Porque orar não é apenas dizer
algumas palavras ou formular alguns pensamentos. Orar é
ligar-se por uma atitude pura e ativa ao pensamento e à energia divinos que penetram
todo o Universo.
ATENÇÃO
Os Espíritos hão dito sempre: "A forma nada vale, o
pensamento é tudo.
Ore, pois, cada um segundo suas convicções e da maneira que
mais o toque. Um bom ensamento vale mais do que grande número de palavras com
as quais nada tenha o coração."
Os Espíritos jamais prescreveram qualquer fórmula absoluta
de preces. Quando dão alguma, é apenas para fixar as idéias e, sobretudo, para
chamar a atenção sobre certos princípios da outrina Espírita. Fazem-no também
com o fim de auxiliar os que sentem embaraço para externar suas idéias, pois
alguns há que não acreditariam ter orado realmente, desde que não formulassem
seus pensamentos.
COMO ORAR
“Portanto, vós orareis assim: Pai
nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino,
faça-se a tua vontade, assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia,
dá-nos hoje e perdoa-nos as nossas
dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. Não nos deixes cair
em tentação, mas livra-nos de todo mal,
Assim seja.”
(Mateus, 6:9-13)
A oração, em essência, expressa
sentimentos. Palavras ajudam a exprimi-los, mas podem também esvaziá-los, se
repetidas muitas vezes.
Desaconselhável, pois, o uso
habitual de fórmulas verbais, que transformam a oração em reza –
idéias penduradas no cérebro, que se extravasam pela boca, sem
interferência do coração.
Geralmente a reza assume
características mágicas. O “Pai Nosso”, repetido algumas dezenas de vezes, seria capaz de purificar o Espírito,
invocar a proteção dos Anjos, resolver um problema. Usam-na, pessoas ingênuas,
como uma fórmula cabalística, pronunciada mecanicamente, pensamento longe,
pressa em chegar ao fim. Orações assim não ultrapassam o teto da
superficialidade – há
muitas palavras e uma intenção, mas nenhum sentimento.
Às vezes, o crente formula
promessas dizendo: “Se Deus
atender a minhas rogativas,
rezarei duzentas vezes o “Pai Nosso”, por intenção das Almas sofredoras!”
Isto é mais lamentável ainda, porquanto se trata de um negócio que está
oferecendo em troca de benefícios importantes não significa nada, em virtude
das limitações impostas pela reza. O “Pai Nosso” não deve ser tomado à conta de mera fórmula verbal, cuja
poder esteja na quantidade de vezes que venha a ser pronunciado. É preciso
recordar que, ao apresentar a oração dominical, Jesus propunha-se a
mostrar aos discípulos como
orar.
Richard Simonetti
A PRECE NOS APROXIMA DE DEUS
Um homem esteve perdido por uma
semana num deserto, sem água, sem alimentos .
Salvo por uma patrulha que o
procurava, foi imediatamente levado ao hospital.
Embora enfraquecido, estava bem.
Os médicos ficaram admirados.
Um milagre ter resistido tanto
tempo.
E lhe perguntaram:
- Qual o seu segredo?
Ele sorriu e respondeu:
- Não sabem? . . . É simples. Eu
orava muito. Deus deu-me forças e guiou os que me salvaram.
Realmente, é muito simples e,
fácil de entender.
Deus, que tudo criou, que antes de
tudo é nosso pai, como ensinava Jesus, um pai muito amoroso que olha por seus
filhos, é a nossa inspiração, o nosso sustento, a nossa força, desde que
estejamos dispostos a procurá-lo.
Dizem os espíritos na questão 659
no Livro dos Espíritos que, “orar a Deus é pensar nEle; é aproximar-se dEle; é
pôr-se em comunhão com Ele. E que as três coisas que podemos nos propor por
meio da prece é: louvar, pedir e agradecer.”
Louvar, é reconhecer a grandeza do
Criador, Sua presença em nossas vidas e sentindo nEle o nosso apoio maior,
nossa inspiração mais sublime, nossa esperança mais autêntica.
Pedir é o segundo propósito na
oração, algo perfeitamente admissível, um direito de todo filho que se dirige a
seu pai.
Há quem pergunte: “Por
que pedir? Afinal, Deus conhece perfeitamente nossas necessidades . .
.”
Quem raciocina assim desconhece
que a oração não objetiva trazer Deus até nós, mas de elevar-nos até Ele; nem
se trata de expor nossos desejos e, sim, de criar condições para receber Sua
bênçãos, que se espalham por todo Universo. Estamos mergulhados nelas, diz André
Luiz, como peixes no oceano. Todavia, para que as assimilemos é preciso que
preparemos o
coração, a fim de não nos
situarmos como um homem que morre de sede, embora dentro de uma piscina, por
recusar-se a abrir a boca. Há quem reclame que suas preces não são ouvidas. É
que pedimos o que queremos; Deus nos dá o que precisamos, e raramente
compatibilizamos
desejos e necessidades legítimas.
O ideal, portanto, não é pedir que
Deus nos favoreça nas situações da Terra, mas que nos fortaleça para as
realizações do Céu, inspirando-nos o comportamento mais adequado, a atitude
mais digna, o esforço mais nobre.
Em “Recados do Além”, psicografia
de Francisco Cândido Xavier, Emmanuel oferece um modelo perfeito para esse tipo
de oração, com palavras singelas que dizem tudo:
“Jesus! Reconheço que a Tua vontade é sempre o melhor para
cada um de nós; mas se me permites algo pedir-Te, rogo me auxilies a ser uma
bênção para os outros.”
Agradecer é o
terceiro propósito. Deus coloca à nossa disposição, diariamente, riquezas
inestimáveis: As manifestações da Natureza, o conforto do lar, as
possibilidades da inteligência, a disciplina do trabalho, a oportunidade de
servir . . . Mil bençãos! . . . Se, ante as lutas da existência, desanimamos ou
nos comprometemos no desajuste, não é por ausência da Providência Divina, mas,
simplesmente porque o nosso cérebro está povoado por fantasias e ilusões, o
coração possuído por sentimentos menos edificantes, daí não prestamos atenção
aos sinais que Deus estende no caminho em favor de nossa segurança.
Quem cultiva a oração é mais forte, é mais resistente ao mal
e aos sofrimentos, tem melhor orientação, enfrenta melhor seus problemas.
Porque Deus está ao nosso lado sempre, mas, infelizmente,
raramente estamos ao lado de Deus.
(Richard Simonetti – Presença Divina)
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Como Orar Apostila
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